sábado, 4 de outubro de 2008

Recital e Exposição: Corpo e Tempo

“Corpo e Tempo”, “Tempo e corpo”, o “Corpo”, o “Tempo”: são palavras muito antigas escolhidas como tema para exposição dos trabalhos realizados na Oficina do Museu Rodin da Bahia, sob a égide – sem exagero algum – da Educadora Valécia Ribeiro. Tanto quanto antigas essas palavras são sobretudo originais na medida que são atualizadas pela própria existência do Homem-no-Mundo e do Mundo-no-Homem. 

Com efeito, talvez sejam alí mesmo, anteriores aos mitos de Kronós e Criação – Teogonia – uma vez que tudo ocorre e decorre independente dessa necessidade do Homem de dar Nomes às coisas e conceituar bem como fazer Filosofias... Ora, dizer Tempo é atualizar na historicidade e História do Homem-no-Mundo, a essência de sua vivencia que no Tempo mesmo o Homem inventa em sua espacialidade e caminho.

Sendo o corpo a primeira experiência humana, em qual momento desse mesmo experienciar-a-si-mesmo, consciente de sua existência, o Homem acena para o sentido profundo de Tempo? “Por conseguinte, o que é o Tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explica-lo a quem me pergunta, então não sei...” Santo Agostinho, Confissões, XI, 14.

Alias, não havendo Tempo senão pelo envelhecer e perecer das coisas e não como realidade palpável em si mesmo, onde o Homem inquieto de sua espacialidade Limitada e Limitante alcança Tempo e Fluir encarnado no Mundo?  Para além da subjetividade de cada Tempo em cada individuo e para todo Eterno que o Homem delimita para não enlouquecer que o Fazer artístico, pelo modo do seu dialogar com o futuro pelo presente, cristaliza e territorializa, pela sua própria urgência do Novo e porque nascer e morrer, não deve finalizar sua existência – do artista, obviamente – sedenta do não visto. O Tempo da arte deve ser o não-haver-tempo pelo corte colorido ou não que o Fazer do artista produz. E há a Beleza ( ομορφιά ), que não sabemos o que é uma vez que: “... A beleza é uma coisa terrível e espantosa. Terrível porque indefinível e não se pode defini-la porque Deus só criou enigmas...” Dostoievski (1821-1881), Irmão Karamazovi.

Houve um Tempo de aprender sob a Luz de Valécia assim também como houve um Tempo para ela aprender pelo Mundo e nessa tessitura de saberes, na esteira do amor e da Curiosidade que fora re-afirmada Luz em oposição à escuridão,  e agora compreendido, com a consciência de que tudo é Processo: encerra.
Gilson Figueiredo

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